OUVIR E ESCUTAR – Muitos ouvem e poucos escutam

Muitos ouvem e poucos escutam
Provérbio popular

Quando uma fonte sonora emite, fornece energia mecânica às partículas do ar na sua vizinhança e estas entram em vibração. Esta vibração transmite-se, o processo progride, dizendo-se que se está perante ondas sonoras em propagação. Em consequência, certas características da atmosfera na zona onde ocorre esta propagação vão sendo alteradas e essas alterações irão atingir o auditor.
O conhecimento da audição humana parece apresentar ainda muitas lacunas e o que se considera esclarecido apresenta-se complexo, de modo que apenas se farão referências sumárias à descrição deste processo.
0 ouvido é um órgão par e simétrico situado na extremidade cefálica, o que permite que complemente a função visual.

O sistema auditivo global integra um conjunto de órgãos periféricos e regiões específicas no sistema nervoso central. Os órgãos periféricos compreendem o pavilhão auricular e o canal auditivo externo (que constituem o ouvido externo), o tímpano e um sistema ossículo-muscular (ouvido médio) e, finalmente, as estruturas membranosas e os líquidos do ouvido interno, de cujo movimento resulta a estimulação do órgão de Corti e a transformação da solicitação mecânica numa de índole nervosa.

A importância do sistema auditivo periférico resulta do facto de ser ele quem, em situações normais, determina as condições em que se processa a audição, pois que toda a informação auditiva que o sistema nervoso central pode utilizar deve ser transmitida pelos órgãos sensoriais que são, assim, os que impõem os limites globais de atuação. E fazem-no conferindo à audição uma sensibilidade muito elevada, todavia adaptada, de modo que estímulos cuja perceção não tem interesse para o auditor não sejam apercebidos como sons, que pudessem mascarar aqueles que assumem importância para a sua relação com o ambiente em torno.

Quando a intensidade se torna muito elevada, a audição transforma-se em dor e a audição pode ser afetada, com maior ou menor tempo de exposição, consoante a intensidade do estímulo.

É corrente, no domínio em causa haver referência, indiferentemente, a ouvir e escutar que, todavia não são, em boa verdade, sinónimos, como mesmo a sabedoria popular o aponta.
Ouvir podemos dizer que será uma ação passiva, consequência do funcionamento instintivo do sistema auditivo, que capta involuntariamente os sons à nossa volta numa reação a estímulos externos . Escutar é uma ação ativa, pois requer focalização da atenção, uma habilidade, que pode ser melhorada ou perdida.

A redução da aptidão para escutar não significa ficar surdo, mas sim ser dominado por ações diversas de mascaramento, a que a sobrecarga de informação, que está a tornar-se uma autêntica epidemia num mundo que está a trocar conveniência por conteúdo e velocidade por significado.

Saber escutar o mundo que nos rodeia, escutar o Outro e saber escutar-se, receita difícil, talvez, mas de eficácia garantida como uma das chaves para a felicidade que todos procuramos e a que todos temos direito.

RUÍDO E SAÚDE

Era uma vez um menino que não ouvia bem, pelo que deveria usar um aparelho auditivo, que o menino recusava usar, dizendo que os super-heróis das suas bandas desenhadas preferidas não usavam tais artefactos.

s pais do menino resolveram escrever ao editor das bandas desenhadas  e … este respondeu criando  um super-herói que também usa um aparelho auditivo.

O menino ficou feliz e, por certo, nós com ele: um pouquinho de compreensão pode fazer tanto…

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About Carla Alves

Carla Alves, Licenciada em Engenharia Civil pela Universidade da Beira Interior. Engenheira Civil Efectiva da Ordem dos Engenheiros. Faço projectos de especialidade de Engenharia Civil com freelancer e estou à procura de um emprego em Engenharia Civil.

One Response to OUVIR E ESCUTAR – Muitos ouvem e poucos escutam

  1. Miguel says:

    Olá.
    É com agrado que vejo um blog dedicado a um assunto de saúde pública, que hipocritamente as “autoridades” encarregues de fazer cumprir as leis nada fazem, dimitindo-se das suas funções.
    O ruído hoje em dia, é um dos principais factores de stress para o organismo humano, conduzindo-o ao desiquilíbrio, devido ao níveis exorbitantes de ruído.
    Este desiquilíbrio, na maioria da população gera doenças.
    Os únicos que lucram no imediato com estas doenças, são os médicos e as farmacêuticas.

    Os níveis de ruído actuais ultrapassam o que o corpo humano consegue suportar, que como qualquer ser vivo, tem limites,ou dito de outra forma,tem uma velocidade de processamento, que quando é ultrapassada,entra em catabolismo, levando posterior ao esgotamento.

    Tenho bastantes exemplos de desrespeito pela lei do ruído no concelho onde resido,que apesar de ser essencialmente rural, Torres Vedras, devido á falta de respeito e de educação das pessoas, com a conivência das entidades que deviam fazer cumprir a lei, faz com que o ruído ultrapasse em muito os níveis do tolerável.