ACÚSTICA, UMA CIÊNCIA DIAGONAL

ACÚSTICA, UMA CIÊNCIA DIAGONAL

Pelo som comunicamos com os nossos semelhantes e logramos alargar a perceção do mundo que nos rodeia. Ao Leitor, então, o convite para uma pequena viagem pela história da Acústica, a “teoria dos sons”, como a definiram Diderot e d’Alembert na Encyclopédia (1751).O facto de a percussão de um corpo sólido dar origem a um som e de, em certas circunstâncias, os sons serem agradáveis para o ouvido, deve ter sido conhecido desde as primeiras épocas de que se tem relato histórico. Assim terá surgido a música como forma de expressão artística – parece ter sido Pitágoras (6.º século aC) quem primeiro analisou as diferenças de alturas dos sons emitidos por cordas de comprimentos diferentes.

O estabelecimento mais evidente da relação entre a altura do som e a frequência deve-se a Joseph Sauveur (1653-1716) que sugere, pela primeira vez, o termo “Acústica” para a ciência dos sons.

Pertence a Brook Taylor (1685-1731) a primeira solução do problema da dinâmica das cordas vibrantes, apresentado em publicação de 1713. Este trabalho abriu caminho aos estudos feitos por Bernoulli, d´Alembert e Euler, com recurso a técnicas matemáticas mais elaboradas. A Bernoulli deve-se também a análise dinâmica das vibrações elementares, contribuindo para uma vibração resultante – principio da sobreposição. Foi o início do caminho que conduziu ao enunciado do célebre teorema de Fourier, apresentado em 1822 na “Teoria Analítica do Calor”.

A extensão dos estudos referidos à análise da vibração de barras e membranas, exigiu o conhecimento da relação entre as deformações dos corpos sólidos e as forças deformadoras; este problema fora resolvido em 1676 por Hooke, que enunciara a lei que ficou conhecida pelo seu nome. No entanto, o estudo da vibração de membranas foi só realizado bastante mais tarde, tendo o prémio instituído por Napoleão para galardoar o seu realizador sido atribuído a Sofia Germain, em 1815.

É de referir que a maior parte dos estudos realizados no século dezanove, relativos a problemas de vibrações, esteve a cargo de matemáticos, o que os levou a enfermar de uma certa carência de evidência experimental. Rayleigh esforçou-se bastante para obviar a esta situação e, efetivamente, hoje em dia encontra-se uma boa ligação entre estudos teóricos e de caracter experimental.

No que respeita à propagação, pode dizer-se que, desde as primeiras observações sobre a produção de som, houve acordo em que a propagação implica certa atividade do ar; Aristóteles deu enfâse a esta aspeto, embora sem ser muito preciso.

Dado que, ao processar-se a propagação de som, não é detetável a agitação do ar, não admira que surgisse quem refutasse os argumentos que a referiam, isto mesmo no século dezassete. O primeiro a tentar demonstrar que a propagação não se realiza no vácuo foi Kircher, em 1650, o que foi demonstrado pela primeira vez por Boyle que pôde concluir, de forma irrefutável, que a propagação se processa com participação do ar.

A medição da velocidade de propagação foi tentada por vários, mesmo antes de ter sido demonstrado que esta se processa só no ar, sendo de referir-se as determinações de Mersenne cerca de 1650, que conduziram ao valor de 450 m/s. Em 1656, Borelli e Viviani, refazem as determinações e encontram o valor de 350 m/s.

Data de 1808, realizada por J.B. Biot, a primeira determinação da velocidade de propagação do som em meios sólidos. Em 1826, Colladon e Sturm procederam a medições da velocidade de propagação do som na água.

A primeira tentativa de teorização do fenómeno da propagação do som no ar deve-se a Newton, que lhe fez referência nos seus “Princípia”. As hipóteses assumidas por Newton mereceram crítica de Lagrange, que apresentou uma formulação aparentemente mais rigorosa e que, todavia, o conduziu a resultado muito semelhante ao de Newton no que se referia ao valor da velocidade de propagação do som, e em desacordo com a experiência. O assunto foi retomado por Laplace que sugeriu, em 1816, que, diferentemente do assumido pelos investigadores precedentes, havia que aceitar as variações de pressão, consequentes da propagação das ondas sonoras, como adiabáticas e não isotérmicas. Obteve assim resultados para a velocidade de propagação em boa concordância com os determinados experimentalmente.

No que respeita aos aspetos da receção do som, durante largo período o único recetor com interesse era o ouvido humano, pelo que o estudo da receção do som se confundiu com o do comportamento do ouvido.

O problema, relacionado com o anterior, da fixação do limiar de audição foi, aparentemente, estudado pela primeira vez por Toepler e Boltzmann em 1870 e retomado mais tarde por Rayleigh.

Em 1843, Ohm, autor da lei bem conhecida do eletromagnetismo, enunciou que os órgãos da audição se comportavam como analisadores de Fourier, realizando a decomposição dos estímulos complexos nos componentes harmónicos. Esta proposição deu estímulo a trabalho considerável no domínio da audição, merecendo destaque particular os estudos de Helmholtz que abriram caminho à pesquisa posterior.

No domínio da acústica de recintos fechados, merece referir-se, como percursor, o nome de Upham, que apresentou, em 1853, um trabalho sobre a matéria. No entanto, a verdadeira fundação da acústica arquitetural deve-se a Sabine, em 1900.

Hoje em dia, tocando na Estética e nas Artes pela Música e as Técnicas Audiovisuais, estendendo-se das Ciências Humanas às Matemáticas, passando-se pela Biologia, a Química e a Física, a Acústica revela, por este seu caracter “diagonal”, uma vocação especial para descobrir correlações entre áreas distintas do conhecimento.

TRADIÇÃO SILENCIOSA

DIGA LÁ, DIGA LÁ COMO É…

A  chegada do Ano Novo Chinês é festejada com bastante ruído de petardos, sinónimo de paz e felicidade. Este ano, na oportunidade destes festejos (22 de Janeiro de 2012), as autoridades de Taipé distribuíram CD aos habitantes da cidade, com gravações dos ruídos dos petardos, assim respeitando a tradição de modo mais silencioso e ecológico.

A HORA DA CONVERGÊNCIA

A descoberta experimental do Bosão de Higgs, a confirmar-se como tudo parece indicar, representa a peça de fecho de estrutura modelar que há muito tempo temos vindo a aceitar.

Configura-se a hora das grandes sínteses! Provavelmente pontos de partida para novos processos de análise.

Relações, sinergias, fusões entre campos de pesquisa e desenvolvimento como a biotecnologia e as ciências da vida, nanociências e nanotecnologia, tecnologias da informação e comunicação, conhecimento cientifico dos processos cognitivos e neurotecnológicos, estão no núcleo do conceito de convergência tecnológica, para onde se  orienta a Europa, num esforço coordenado pelo Instituto Fraunhoffer, em Munique.

ANTÓNIO PINHO VARGAS

António Pinho Vargas nasceu em Vila Nova de Gaia (1951). Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras do Porto. Completou o Curso Superior de Piano no Conservatório do Porto e diplomou-se em Composição no Conservatório de Roterdão (1990). Doutorou-se na Universidade de Coimbra  e é atualmente Investigador do Centro de Estudos Sociais desta Universidade e Professor na Escola Superior de Música de Lisboa.

Ligado ao jazz vários anos, gravou diversos discos com  composições originais e tocou em muitos países da Europa e nos EUA.

Sobretudo a partir da sua estada na Holanda, António Pinho Vargas dedicou-se principalmente à música contemporânea, ocupando lugar de relevo no atual panorama português, tendo participado em diversos festivais.

acustica

DO MUNDO DA ACÚSTICA ELETRODOMÉSTICOS SILENCIOSOS

Considerando que a redução da intensidade dos ruídos de funcionamento se tem tornado um fator muito importante aquando de aquisição de equipamentos eletromecânicos, os fabricantes têm investido nesta área, embora por vezes com perdas de eficiência.

A Bosh acaba de lançar no mercado um aspirador doméstico em que a redução da intensidade sonora do ruído resulta da utilização de suspensão resiliente para o motor ( com 1400 W de potência) e do seu encapsulamento duplo, logo sem perda do poder de aspiração.

AGENTES DO SILÊNCIO

Em Paris, equipas de Agentes do Silêncio conhecidos como os “ Pierrots da Noite” vão, em equipas de dois, pela noite, aconselhando os festivaleiros em grupos na rua, fumando e discutindo em frente aos bares, a serem mais comedidos, produzindo menos ruído.

 

CONSULTÓRIO ACÚSTICO 

De modo a promover a interatividade entre os nossos Leitores, reservamos  uma rubrica,  na nossa Newsletter, para que possa colocar dúvidas, questões, solicitar estudos, avaliações acústicas e certificações energéticas.Poderá fazê-lo clicando  nesta imagem.

AGOSTO  2012  Rua Aristides de Sousa Mendes nº 4C-1º-E3 1600-413 Lisboa   http://www.acusticaeambiente.com/  geral@acusticaeambiente.com

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About Carla Alves

Carla Alves, Licenciada em Engenharia Civil pela Universidade da Beira Interior. Engenheira Civil Efectiva da Ordem dos Engenheiros. Faço projectos de especialidade de Engenharia Civil com freelancer e estou à procura de um emprego em Engenharia Civil.

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